Já falei algumas coisas sobre o assunto quando escrevi no passado aqui no blog uma postagem sobre como formar um espírito crítico (clique aqui para ler). Naquela ocasião destaquei a importância de sempre questionar as fontes das informações e os interesses dos envolvidos no relato dos fatos, tanto do ponto de vista financeiro, quanto de ideologias, culturas, valores, posição social, entre outros, que influenciam o que cada um pensa sobre um determinado assunto, mesmo quando agindo de boa-fé (não exclua do espírito crítico a possibilidade de uma atuação de má-fé). Isso continua sendo muito importante.
O problema é que, com a complexidade atual do mundo, a sensação é de que ficou praticamente impossível saber quais fontes são confiáveis e quais são os reais interesses envolvidos. Há muito marketing, dissimulação e os interesses financeiros são difusos. Por exemplo, nunca houve tanta oferta de conteúdo gratuito na internet nos ajudando a resolver nossos problemas, ofertas de investimento com taxas zeradas para intermediações e outras facilidades sem custo imediato nenhum. Inclusive esse blog e todo o seu conteúdo entra nesse exemplo. E seria correto você se perguntar por quê que escrevo esse blog gratuitamente e quais as crenças que me influenciam (especialmente no caso de concluir que dá para acreditar que meu objetivo é apenas ter um lugar para compartilhar ideias). Agora, fazendo um giro de 180 graus e mudando o foco para um assunto do momento e de interesse geral, a pandemia da COVID19, o que vemos? Diversas teorias acerca do que está acontecendo no presente e de como será o futuro. Tem conteúdo disponível para todos os gostos e desgostos. Ao ponto da coisa ser tão complexa que a gente chega a pensar que ninguém sabe realmente o que está acontecendo e o que vai acontecer. É um boa possibilidade, aliás.
Em cenários complexos como o que vivemos a questão é: como podemos encontrar uma verdade razoável? Parece-me que o caminho inevitável é ir mais longe na pesquisa das fontes, cruzando dados, buscando informações de outras partes do mundo sempre que possível e fazendo reflexões pessoais para chegar a alguma conclusão um pouco menos nebulosa. Em questões mais simples e de menor relevância é suficiente ler uma reportagem em um local confiável para se informar sobre um assunto e tirar suas conclusões. Contudo, quando precisamos ter confiança na informação e estamos em um cenário no qual fica duvidoso se as pessoas estão falando algo que é correto, passa a ser fundamental buscar as informações de forma mais profunda. Por exemplo, se uma reportagem fala sobre dados a partir de uma pesquisa feita por determinado instituto e isso é relevante para você, o ideal é ir atrás da pesquisa e estudá-la diretamente e não pelos olhos de quem escreveu a reportagem (que muitas vezes também não leu a pesquisa e está escrevendo com base em uma outra reportagem, ou seja, é a testemunha da testemunha). Só assim você compreenderá a pesquisa, seu real contexto e abrangência, ao ponto até de poder questionar se os pressupostos do pesquisador e suas conclusões estão corretas. Demanda bem mais de trabalho, mas só assim você tem a possibilidade de realmente entender a situação e não apenas estar "comendo na mão" de uma interpretação de terceiro. Não significa que você tomará a decisão certa. Mas estará em melhores condições de escolher seu próprio destino, se quiser.
Um abraço,
Emmerson Gazda
artedaexcelencia.blogspot.com